quarta-feira, 16 de maio de 2012

Casa mal assombrada

“Casa mal assombrada, porão secreto, tesouro escondido, tudo leva a crer que estamos falando de um filme de terror”. Era exatamente assim que começava o texto do jornal daquele dia, e se tratava de uma aventura minha e de meus amigos.
A casa abandonada tinha três andares, um terreiro grande, um quintal enorme, um pé de romã no fundo e um muro baixo. Perfeito para uma turma de meninos curiosos que naquela época brincava de pique esconde nas ruas até quase dez da noite sem se preocupar!
Todos os dias depois da aula, saíamos correndo para a “casa mal assombrada”, pulávamos o muro e ficávamos lá dentro às vezes só sentados conversando. Só o fato de ter pulado um muro e de estar em um lugar proibido já fazia a adrenalina subir! Não precisava muito mais que isso
Ficamos sabendo algumas lendas urbanas sobre a casa, o que aumentou mais ainda o espirito de aventura! Diziam que o dono da casa havia morrido e estaria enterrado no terreiro.  Alguns diziam que ali tinha um tesouro escondido, que era do falecido dono, mas que tinha uma maldição, que o dono da casa manteve sua mulher louca aprisionada até a morte, e seu espírito estaria ali até hoje pra impedir que alguém fosse pegar o tesouro.
Acho que para uma turma de 11,12 anos isso já dá pra acelerar bem o coração né? Pois bem, descobrimos que embaixo do primeiro andar, ainda existia um andar subterrâneo, e embaixo deste, um porão. O porão secreto, onde estaria o tesouro e onde a pobre coitada ficava presa.
Imagina a vontade de entrar nesse porão secreto!  O problema é que o porão era totalmente um breu! Não dava pra ver um palmo diante do nariz. Escuridão completa, adrenalina a mil! Coração saindo pela boca, íamos todos de mãos dadas descendo as escadas morrendo de medo, sem enxergar nada!
Quanta coragem! Confesso que hoje eu não desceria aquelas escadas naquela escuridão nem me pagando...
Quando chegamos lá dentro, vimos que tinha uma porta de aço e com mais ou menos um palmo de espessura que dava para outro lugar. Meu Deus! Que medo! Que medo, medo, medo! Quando fomos ver o que era, simplesmente um quadrado, que cabiam mais ou menos cinco pessoas de pé. Coisa mais estranha, pra quê servia aquele lugar?  Pra quê uma porta tão grossa? Pra prender a mulher louca, é claro!
Pra piorar, os meninos faziam barulhos de “huuuuuuuu” e de correntes arrastando, e saía todo mundo correndo, uns atropelando os outros e gritando, morrendo de medo! Ai que medo bom! Depois a gente saía, pulava o muro de volta, e íamos pra casa. Aquele era nosso esconderijo, nosso refúgio super secreto! Não era qualquer um que ficava sabendo da casa não!
E foi assim, todos os dias depois da aula, uma aventura. Até que uma vizinha sem coração acabou com nossa alegria L
Nesse dia quando eu fui pular o muro para sair da casa, vi um policial, com uma cara de mau, me mandando sair dali, e perguntando se tinha mais gente. Ele me deu mais medo que o porão mal assombrado!
Chamei os meninos e fomos um a um cabisbaixos pulando o muro e parando em fila diante dos policiais com aquela cara de cachorro que caiu da mudança. Vizinhos nas janelas olhando (meu Deus eu virei uma criminosa!).
Fomos acusados de invasão de domicílio, e eu pedi muito a Deus pra não ser presa, e ao mesmo tempo pensava na surra que minha mãe ia me dar!
Quando a polícia foi procurar saber quem eram os donos da casa, para comunicar as invasões frequentes, tivemos uma surpresa. Aquela linda casa, no bairro floresta, pertenceu a Juscelino Kubitschek, e que aquele porão escuro, e aquele lugar minúsculo com uma porta grossa de aço era nada mais nada menos que um esconderijo da guerra.  Isso mesmo, um abrigo antiaéreo! (Ou seja, caso haja, Deus me livre, uma guerra civil, já sei onde me esconder, portanto acho bom você ser meu amigo!).
Quando essa notícia veio à tona não demorou a aparecer repórteres para dar a notícia! E foi assim que nossa aventura saiu no jornal.  Depois, pude entrar com a equipe de tv no porão, e ver finalmente tudo com a luz acesa. Acabaram com todo o mistério, acabou-se toda a magia.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Etufilio

Eu no nordeste, não lembro qual cidade, trabalhando.
- Bom dia, eu poderia falar com o responsável pela telefonia da empresa?
- Só um minuto, é o senhor Etufilio, vou chamar.
Nossa que nome é esse gente? Etufilio? Tudo bem.
- Bom dia, pois não?
- Oi seu Etufilio, tudo bem? Estou fazendo uma pesquisa de mercado o senhor poderia responder?
O senhor Etufilio disse que sim, e respondeu todas as perguntas.
- Muito obrigada seu Etufilio. O senhor poderia me informar seu nome completo?
- Wellington Filho de Jesus.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk quase chorei de rir, mas tive que fazer muito esforço pra não rir na cara dele coitado.
A atendente tinha dito "É o Wellington Filho, vou chamar". Mas no sotaque dela ficou " é o Etufilio, vou chamar" .
Depois dizem que mineiro que come as palavras. Pior de tudo foi eu ter ficado chamando ele o tempo todo de Etufilio...rs